Por Pedro Russi
Chapa 2 – Participação e Luta
Vou avançar analiticamente sobre algumas ações apresentadas pela atual diretoria no programa da Chapa 1. Para quê? Pelo simples e precioso sentido de conhecer quando um texto/programa apresenta uma coisa por outra. Isto é, atividades realizadas na gestão da atual ADUnB que não são atividades de fundo, porque não têm uma repercussão clara e intensa no desenvolvimento de uma categoria que hoje está sendo ameaçada simbólica e factualmente pelo recorte salarial. Eis algumas questões.
Como entender e concordar com uma diretoria que, diante do atual momento, no último Boletim (Ano 32 – N°2-2010) apresenta como página inicial uma matéria sobre o acompanhamento na gravidez “Trabalho de perto” (trocadilho pouco original: perto-parto). Pergunto: qual é o âmbito analítico, dessa diretoria, no cenário da greve? Aliás, somente dois boletins no cenário de uma GREVE que durou dois meses? Veja-se que as páginas (4-5) não informam nada além de uma cronologia-historiografia do calendário da greve (Março-Abril; mas o boletim foi entregue em Maio).
Interessante: qual o motivo de não haver uma entrevista ou nota com a candidata à diretoria da Chapa 2, quando existe na página 7 uma nota do candidato da Chapa 1? Chama-se de ‘uso da máquina’.
Se os meios de comunicação são chaves no centro de uma “luta simbólica” – muitas vezes assinalado pela atual diretoria –, porque não foi utilizado esse meio impresso para tornar pública a situação dos trabalhadores da UnB? Não teria sido através do Boletim-da-ADUnB o momento de uma estacada essencial? É nessas instâncias que se percebe a falta de critério e visão dos “comprometidos” com os servidores.
Simplesmente disponibilizar um espaço para “lazer” dos professores é garantia de apropriação e vivencia do entretenimento? Ter mesa de pingue-pongue, sinuca, totó (totó?)… Isso é pensar no professor? Não teria sido mais interessante, na Casa do Professor, ter um espaço para leitura (livros, jornais, café), encontro e conversa com outros professores, às vezes de outras universidades nacionais e estrangeiras? Isso falta na UnB e, obviamente, nas ações realizadas pela diretoria atual e nas propostas da Chapa 1 nem se pensa nisso. Cadê as palestras, os lançamentos de livros, discussões temáticas? Porém, mais totó!
É por isso que na Casa do Professor as únicas atividades culturais foram Show e Happy Hour. Era essa a intenção do Happy Hour da “vitória-Felicidade”? A rigor, nada contra tais atividades, mas contra o fato de apresentar uma coisa por outra.
“Aumento na participação das assembleias” – é interessante perceber quando o óbvio torna-se novidade. Explico-me: se existe uma categoria com salário reduzido em 26,05%, e com indicativo de greve, obviamente que, por algo básico chamado “sobrevivência” ou sentimental denominado “amor próprio”, o professor se interesse pela sua situação. Pode tal fato, a rigor, ser entendido como mérito? Leia-se o mesmo na situação do aumento dos sindicalizados. O que você faria se ao ingressar como professor na UnB recebe a noticia de que somente será paga a URP para os sindicalizados?
Pode-se chamar de proposta importante e de fundo a “reativação do convênio com o clube ASBAC”? Ao invés de tornar significativo o espaço disponível na UnB - com eventos culturais, políticos, analíticos, cinema para as crianças – eles acentuam uma ação que dispersa as pessoas!!! Cadê o sentido de pertinência? Um ato simples e administrativo deve ser reconhecido como atividade medular de um sindicato?
“Cadastrar patrimônio da ADUnB”? Qual é o mérito essencial dessa ação para um sindicato? “Renovação de computadores para melhor servir nossos associados” quando os ‘servidores’ (professores) não necessitam de computadores porque a própria dinâmica profissional demanda o acesso a tal equipamento nas instâncias particulares, das faculdades e/ou departamentos.
Em outro ponto; diz-se no programa da Chapa 1 que foi realizada a:
“Valorização do Professor – a diretoria realizou campanhas publicitárias que despertaram a comunidade para a importância do trabalho do professor da UnB. Campanhas como ‘o homem não é uma animal’ E ‘UnB para se lembrar’ fizeram parte desta plataforma.”
“…a diretoria realizou campanhas publicitárias…” Nesse momento, sim, foi necessário o gasto em publicidade? Qual o sentido? Qual a razão para que minha contribuição seja “investida” nessa tal campanha de “valorização”? Em que contexto foi decidido? Não teria sido o momento da GREVE importante para valorizar o professor? Campanhas? (destaco o plural). De qual “valorização” estamos falando?
“…que despertaram a comunidade para a importância do trabalho do professor da UnB” Não vi, nem escutei da comunidade, essa importância. As primeiras palavras de jornalistas e alheios à UnB foram de que os professores ‘queriam estender as férias’. Se naquele momento das campanhas foi importante destacar o trabalho do professor, o que dizer na conjuntura atual?
Campanha: “o homem não é um animal” Um ponto mais grave: para quem foi direcionada essa campanha, teve um estudo justificando-a? O lugar comum não seria o sustento dessa ação? O que torna valorizado ao professor? Uma-duas-três-quatro… campanhas? Aliás, se por uma ou duas campanhas vamos valorizar os professores automaticamente, então a proposta tem como princípio a relação causa efeito (AB) negando, portanto, o sapiens sapiens do homo.
Se no meio de uma greve o tema central do Boletim n°2-2010 é “trabalho de perto” (parto), no mínimo, como sindicalizado, permito-me questionar de que lugar esta diretoria está entendendo as várias circunstâncias atuais da UnB? Além da situação da greve, é essa a comunicação central e valorizadora de um sindicato interessado e comprometido com a categoria?
“UnB para se lembrar”; exatamente porque lembro, falo: não apresentem uma coisa por outra.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário