Por Cláudia Dansa
Faculdade de Educação
Podemos dizer que, entre muitas outras coisas, a política é, também, uma arte. Como toda arte, ela é um processo que demanda, daqueles que a praticam, experiência, formação e consequência assim como domínio da técnica e de seu conteúdo mais profundo.
É importante percebermos que não há política sem diferenças. É exatamente porque somos diversos e pensamos de forma diferente, muitas vezes conflitante, que precisamos organizar nossa ação no mundo politicamente.
Na política temos a condição de passar do eu e do tu ao nós, vós e eles. Confrontamos nossa identidade de indivíduos com esta possibilidade, profundamente humana, de, sem perdermos nossa autonomia individual, sermos mais que um e nos colocarmos como coletivos, organizados, capazes de agir no mundo, com o mundo e para mundo.
A condição democrática não é a única condição possível para um ser humano político, mas, ao fazermos a opção pela democracia, possibilitamos que os embates, conflitos e diferenças de pontos de vistas passem do plano da responsabilidade decisória do um para o plano de muitos. Seja este processo pautado nos consensos ou nas decisões de maioria, elevamos o patamar da luta do plano da autoridade do mais forte, do mais inteligente, do mais rico para o plano das ideias construídas pelo olhar de todos e pelos diferentes argumentos trazidos pelos diferentes ângulos por um grande número de participantes, respeitando e ajudando a compor a partir das diferenças e das habilidades políticas desenvolvidas. Quanto mais nos tornamos capazes de ouvir e nos fazermos ouvir, de compreender e nos fazermos compreender, de respeitar e nos fazermos respeitar, de negociar e por limites, mais esta democracia cresce em qualidade e mais satisfatórias são para todos as decisões tomadas e os resultados produzidos no mundo pelas ações daquele grupo.
Neste sentido, o debate é um elemento fundamental para a construção do processo político e saber ouvir, argumentar, negociar são as ferramentas daqueles que coordenam os processos de tomadas de decisão e representam seus coletivos organizados nos diferentes cenários políticos e nas necessárias lutas pelos seus interesses e necessidades.
A condição de representar uma organização, uma categoria, um povo é uma condição solene e das mais difíceis de cumprir, pois deste lugar já não se fala mais por si, mas pelo grupo. Cabe escolhermos com muita clareza e cuidado aqueles a quem queremos delegar esta condição, em todos os níveis.
Num mundo cada vez mais complexo, onde a condição política vem se construindo, para o senso comum, como espaço de desrespeito à opinião coletiva, autoritarismo e corrupção, a necessidade de qualificar o processo político demanda , no mínimo, que ele não ocorra sem a garantia de acesso e participação de todos os interessados nos espaços de debates.
No atual momento de crise que, como trabalhadores e como instituição, atravessamos na UnB, urge que possamos ter clareza na escolha de nossos representantes para podermos garantir unidade nas ações, consciência e habilidade nas nossas negociações e responsabilidade nas nossas representações de forma que possamos cumprir dignamente nossos deveres, garantir nossos direitos e salvaguardar nossa imagem pública como categoria e como instituição.
Com o adiamento das eleições da ADUNB, tornou-se possível manter a qualidade do nosso processo político, favorecendo a construção de uma democracia pautada pela possibilidade de conhecer melhor os que estão se dispondo a nos representar e garantir o debate de ideias, propostas e atitudes, dando elementos para que cada professor tenha a oportunidade de participar e formar sua própria opinião , qualificando o seu voto e decidindo conscientemente os rumos de nossa seção sindical nos tempos difíceis que se avizinham.
Parabenizo a Chapa 2 pela sua coragem e dignidade ao propor o adiamento das eleições e parabenizo a nós docentes que, em Assembleia decidimos pela condução democrática do processo.