quinta-feira, 13 de maio de 2010

ANÁLISE DA GREVE E SUA CONDUÇÃO PELA DIRETORIA DA ADUnB

Desde setembro de 2009, o governo ameaça docentes e servidores técnico-administrativos da UnB com um corte salarial de 26%. Diferentemente das categorias que, resignadamente, aceitaram esta violência sem opor resistência política, os trabalhadores da UnB ousaram lutar! Diante da ameaça de corte salarial, aprovamos indicativo de greve e, quando nossos salários foram de fato cortados, entramos em greve com toda força! Se, durante todo esse período, recebemos os salários em sua integralidade, a despeito dos atrasados e de toda confusão e insegurança gerada, foi porque soubemos construir, dia a dia, uma grande greve unificada de toda a comunidade universitária, uma das mais fortes na história da UnB.

Ainda assim, a ameaça persiste. O governo já demonstrou sua disposição de cortar nossos salários a qualquer custo e nada garante que o STF não possa julgar contra nós o mérito da questão. Os servidores que, ombro a ombro, trabalham conosco para que a UnB exista, estão hoje com seus salários cortados e, a qualquer momento, esta situação pode se estender a todos nós. Basta ler os pareceres da AGU de janeiro, os ofícios do MPOG, todos com tom de desprezo, ameaça e desrespeito por nossa categoria. Precisamos estar atentos porque a luta em defesa de nossos salários não acabou com o fim da greve. Independentemente da decisão judicial que venha a ser tomada, esta luta deve prosseguir, unificando toda a comunidade universitária, até que seja encontrada uma saída política que preserve a integridade de nossa UnB diante da grave crise institucional que se instalará a partir de um corte salarial desta magnitude.

Os membros da Chapa 2 e seus apoiadores mais próximos estiveram entre aqueles que de fato construíram as vitórias parciais de nosso movimento, atuando no Comando de Greve, nos atos, nas assembléias e em todo o árduo trabalho cotidiano, demonstrando empenho desde o início deste processo. Podemos dizer hoje que a Chapa 2 nasceu das convergências que surgiram entre nós ao longo desta luta. Construímos coletivamente, passo a passo, a direção política de nosso movimento, e para isso tivemos de nos confrontar cotidianamente com a diretoria da ADUnB.

Desde o início desse processo, foi possível a todos perceber o abismo existente entre os comunicados do Comando de Greve e os comunicados da diretoria da ADUnB, entre a direção política imprimida pelo Comando de Greve e aquela proposta pela diretoria da ADUnB. Com todas as dificuldades e o imenso desgaste de ter de construir a direção política de um movimento em permanente conflito com a direção da seção sindical, o fato é que a direção política que imprimimos à greve foi acolhida pela Assembléia dos Docentes durante todo esse processo e assegurou a vitória parcial e provisória que conquistamos até aqui, ou seja, a manutenção da URP nas nossas bases remuneratórias.

A marca registrada da direção da ADUnB durante a greve e toda a sua gestão foi de fato imprimida por sua tentativa sistemática de dirigir nosso movimento contra a administração da UnB. Ao invés de exigir publicamente do reitor que estivesse ao nosso lado na luta em defesa ddas nossas remunerações, como sempre fizemos, os lacônicos comunicados emitidos pela diretoria da ADUnB apareciam sempre na forma de ataques diretos à figura do reitor, como se fosse ele o responsável pelo corte salarial que o governo quer nos impor, chegando ao ponto de exigir mais de uma vez sua prisão! Ao invés de fazer do sindicato o órgão coletivo de autodefesa dos docentes da UnB, a diretoria da ADUnB preferiu rebaixá-lo à condição de instrumento de poder nas mãos de um grupo que não consegue disfarçar seu obstinado propósito de retornar à reitoria – mesmo depois de seus doze anos de administração terem culminado no maior escândalo de corrupção da história da universidade pública brasileira!

Estamos convictos de que poderíamos ter construído uma greve muito mais forte, mais politizada e mais mobilizada do que a que foi possível construir se não tivéssemos que lutar no dia a dia contra todos os obstáculos colocados pela diretoria da ADUnB. Para além da ausência e da omissão flagrante da grande maioria dos integrantes da diretoria da ADUnB e de sua base mais próxima no dia a dia do Comando de Greve e nos atos políticos que construímos, e da confusão política que produziam com seus comunicados, jamais foi possível contar com os meios de comunicação de nossa seção sindical para fazer o necessário trabalho cotidiano de fortalecimento, informação, mobilização e politização da greve. Muitas decisões tomadas em Assembleia – como no caso da primeira campanha de mídia (R$150.000,00) e da publicação de notas nos jornais – jamais foram encaminhadas pela diretoria da ADUnB, que sempre se utilizou de seu domínio sobre os meios materiais da seção sindical para conceder-se a prerrogativa ilegal e ilegítima de decidir unilateralmente acerca das decisões e encaminhamentos de assembleia que seriam implementados e dos que não o seriam. Neste momento, após decretado o fim da greve, contraditoriamente, a ADUnB quer dar prosseguimento ao uso de R$300.000,00 em campanha de mídia sobre a greve. Uso que só se justificava pelo fortalecimento do movimento docente, caso a greve fosse mantida. Usar esse dinheiro após a suspensão da greve, é no mínimo estranho. Atitude esta contra a qual nos opomos.

Muitas das decisões unilateralmente tomadas pela diretoria da ADUnB ao longo da greve nasceram sem qualquer discussão democrática com o Comando de Greve, na contramão de todas as decisões políticas e encaminhamentos que vinham sendo adotados pela Assembleia Geral. Dentre muitos exemplos que poderíamos citar, a convocação de um “happy hour da vitória” no momento mais crítico de nossa greve, dois dias depois de os servidores terem sido derrotados no TRF, demonstrando assim a mais completa falta de ética, solidariedade e sensibilidade política para com o segmento mais vulnerável de nossa UnB, que naquele momento acabava de ter a URP cortada. Outro exemplo marcante foi a desastrosa nota em que a direção da ADUnB exigia o impeachment do Presidente da República, de Ministros de Estado e do próprio Reitor da UnB, colocando em risco, da forma mais leviana e irresponsável, todas as conquistas que havíamos arrancado do governo, no exato momento em que propunham o fim de nossa greve.

Se não contribuiu em nada na construção coletiva do movimento, a diretoria da ADUnB deixou sua marca na forma desastrosa como conduziu o fim de nossa greve. Sem qualquer diálogo com os demais segmentos da UnB que construíram a greve unificada, sem qualquer preparação, encaminhamento ou horizonte político estratégico para a continuidade de nosso movimento, a direção da ADUnB passou duas semanas lutando para encerrar nossa greve a qualquer custo, comprometendo a necessária unidade que construímos no dia a dia com os outros segmentos da Universidade ao longo deste processo. Nem sequer se colocou em pauta um indicativo de saída de greve. Pior que isso foi ver reuniões do Comando de Greve encerradas antes do seu fim, com atitudes autoritárias, com batidas na mesa, gritos e destemperos de todo tipo.

Haveria muito mais o que dizer sobre a dura experiência que tivemos cotidianamente com esta direção da ADUnB, mas pensamos que o essencial já foi dito. O que nos motiva a nos apresentarmos como chapa de oposição a esta diretoria é a necessidade de construir uma ADUnB democrática, autônoma e combativa, que de fato seja capaz de organizar de forma consequente e responsável a luta em defesa de nossos direitos e em defesa da Universidade. Uma ADUnB que esteja à altura dos desafios históricos que se colocam; num momento em que corte salarial, congelamento de salários e uma draconiana lei de greve se apresentam no horizonte. Uma ADUnB de todos e para todos, que seja capaz de unificar e mobilizar a UnB nas lutas que haveremos de travar juntos nos próximos anos.

CHAPA 2 – PARTICIPAÇÃO E LUTA

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