sexta-feira, 14 de maio de 2010

E como estamos nós, novos professores da UnB?


A história da UnB é um dos desafios que nós, os novos professores desta Universidade, precisamos conhecer e ajudar a construir. Se muitos de nós conhecemos muito bem essa história, especialmente a excelência acadêmica e o pioneirismo da pesquisa em diversas áreas do conhecimento, e sabemos também que a UnB foi protagonista e palco de diversos embates políticos num período pouco distante da grande ditadura civil e militar imposta ao ordenamento democrático da sociedade brasileira, muitos de nós temos também marcados na memória os recentes escândalos de corrupção e desmandos que ocorreram nessa mesma UnB em 2008, e que a mídia nacional nos deu a conhecer em qualquer parte desse país, de onde viemos.
Mas se os fatos recentes de improbidade e privatismo maculam e “timothyam”  a imagem dessa grande Universidade que estamos aprendendo a conhecer e a respeitar, outros tantos também recentes acontecimentos, como a reação unificada de toda a comunidade acadêmica (professores, estudantes e técnico-administrativos) que derrubou Timothy e toda sua quadrilha da direção da UnB, e especialmente, o protagonismo dos estudantes da UnB no processo de destituição do ex-governador Arruda, orgulham-nos e nos inspiram pois indicam que na UnB existe uma comunidade ativa e que está atenta e intervém firmemente no que se passa dentro e fora desta Universidade.
Se para nós, os novos professores da UnB, essa história pode ser vivida de diversas formas, uma forma em especial nos aproximou e nos colocou lado a lado nos últimos meses, o corte real de 26,05% dos nossos salários com a retirada, e para muitos de nós nunca recebida, da URP. A nossa primeira greve na UnB nos revelou mais ainda da história dessa Universidade: a solidariedade e a mobilização da comunidade acadêmica é forte e mostra vitalidade quando se trata de defender nossos salários de professores.
Todavia, nós, os novos professores, nos perguntamos: como ficaremos se houver definitivamente esse corte nos nossos salários? Como ficam as nossas condições de vida na cidade mais cara do país, e qual será o futuro profissional e pessoal que buscamos quando escolhemos e batalhamos para trabalhar na UnB? As respostas serão agora parte da história que nós, os novos professores, teremos necessariamente que construir junto com toda a comunidade da UnB.
E não foi somente o corte de salário que nos surpreendeu quando chegamos na UnB. Encontramos uma universidade em plena expansão, mas que cresce sem nos proporcionar boas condições de trabalho, impregnada pelo “produtivismo e quantitativismo” intelectuais que serão impostos às nossas avaliações de estágio probatório, ao nosso acesso aos recursos para pesquisar e para desenvolver extensões comunitárias. Muitos de nós continuamos como professores que têm acesso apenas ao ensino, e diga-se já da graduação, pois na pós-graduação as regras são as mesmas. Outros benefícios que poderíamos ter acesso estão cada vez mais restritos como, por exemplo, a moradia funcional. E nós que estamos nas faculdades igualmente novas fora do campus Darcy Ribeiro --  Faculdade UnB Gama , Faculdade UnB Planaltina  e Faculdade UnB Ceilândia--, vivemos uma situação ainda mais dramática, principalmente porque, alem das péssimas condições de trabalho para nós docentes e para os técnico-administrativos, e de formação para os nossos estudantes, as perspectivas de melhoria necessitam de uma luta muito mais intensa e que irá exigir a participação de toda a UnB, especialmente da direção do nosso sindicato, a ADUnB.
Por toda essa história da UnB, nós, os novos professores, podemos acreditar que a situação de crise institucional que se instaurou nessa Universidade e que os problemas e dificuldades que estamos encontrando nesse início de trabalho podem e devem ser enfrentados, mas para isso necessitamos de algumas condições, dentre elas duas nos parecem essenciais: a primeira, uma direção do movimento sindical docente combativa e que lute e encaminhe ações de interesse coletivo dos docentes, da comunidade acadêmica e da UnB; a segunda, que nós, os novos professores, aliados aos demais professores há mais tempo nessa Universidade, estejamos dispostos a discutir e intervir efetivamente nos rumos da luta diária que é travada para que a UnB, e a Universidade brasileira, seja espaço de excelência acadêmica e de formação profissional com qualidade e acesso a todas as classes sociais.
Para a primeira condição, um conjunto de novos professores somaram-se a outros colegas com histórias e experiências nessa Universidade e estão se propondo construir uma outra direção para o movimento docente da UnB, formando a Chapa 2 – Participação e Luta que se apresenta para concorrer à direção da ADUnB. E para a segunda, convidamos todos os professores da UnB, especialmente nós, os novos, a discutir e influir nesse momento difícil para a UnB, e participar do processo eleitoral da ADUnB, e decidir qual é o projeto de movimento docente e de Universidade que pode lutar, com a sua participação, para construir uma UnB democrática, com boas condições de trabalho e de salários para todos os servidores, não privatista, e socialmente comprometida.


CHAPA 2 – PARTICIPAÇÃO E LUTA.

Um comentário:

  1. Gostei do texto e fico triste em saber que a universidade não tem uma política de integração de novos docentes. Li uma reportagem na qual uma professora admite que não pede para ser aposentada porque mora a 32 anos num apartamento funcional. Isso é ridículo pois penso que os apartamentos deveriam ser cedidos aos professores recem contratados e em fase de teste.
    Quanto a URP me preocupo em saber se os professores contratados em 2009 e 2010 terão direito ao benefício. Se não estaria-se criando uma diferença enorme de salário, além de não respeitar a isonomia salarial. Por favor, tirem minhas dúvidas.

    Marcos Aurélio

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